Bom, pra encurtar a história, nesse final de semana tive uma crise aguda de dor no estômago e como boa paranóica que sou, fiquei imaginando se não seria o tal Apêndice o motivo da complicação (nem pra ir no médico né! adivinhação não cura dor!). Como não sei nada de crise de Apendicite, tratei de procurar o "pai dos googles" nome que dei pra substituir o antigo pai dos burros (o dicionário). Se você também não sabe lhufas sobre o assunto, leia comigo o que achei num site: (créditos no final do artigo)
Apendicite é o nome que se dá à inflamação do apêndice, quadro que se apresenta habitualmente como uma intensa dor abdominal. É, em geral, uma emergência médica que necessita de tratamento cirúrgico. Se não tratado a tempo, há risco de rotura e infecção generalizada. A apendicite pode ocorrer em qualquer idade mas é mais comum em adolescentes e adultos jovens. Neste texto explicaremos o que é o apêndice e quais são os tratamentos e sintomas da apendicite aguda.
O que é o apêndice?
O apêndice é um prolongamento do ceco, região onde fica a comunicação entre o intestino delgado e o intestino grosso (cólon). Possui aproximadamente 10 cm de comprimento e tem um fundo cego. Seu formato lembra o de um verme, por isso também é chamado de apêndice vermiforme. Uma outra analogia fácil é com um dedo de luva, como pode ser visto na imagem ao lado.
A parede do apêndice contém tecido linfático e participa na produção de anticorpos. O apêndice também serve como reservatório de bactérias intestinais que ajudam no processo de digestão.
É comum aprendermos no colégio que o apêndice é um órgão sem função, o que é não totalmente errado. O apêndice parece ser apenas um resquício evolutivo, que se não é de todo inútil, também não parece fazer falta quando retirado cirurgicamente.
Apêndice |
O apêndice normalmente produz um volume constante de muco que é drenado para o ceco e se mistura nas fezes. O seu grande problema é ser a única região de todo o trato gastrointestinal que tem um fundo cego, ou seja, é um tubo sem saída, como um dedo de luva. Qualquer obstrução à drenagem do muco faz com que o mesmo se acumule, causando dilatação do apêndice. Conforme o órgão vai ficando maior, começa a haver compressão dos vasos sanguíneo e necrose da sua parede. O processo pode evoluir até o rompimento do apêndice, o que é chamado de apendicite supurada.
Existem várias causas para obstrução do apêndice. Em jovens é comum ocorrer um aumento dos tecidos linfáticos em resposta a alguma infecção viral ou bacteriana. Como o diâmetro interior do apêndice tem menos de 1 cm, qualquer aumento na sua parede pode obstruir a saída. Em idosos, o mais comum é a obstrução por pedaços ressecados de fezes. Também existe a possibilidade de obstrução por tumores ou por vermes intestinais.
Quando o apêndice fica obstruído e inflamado, as bactérias que vivem no interior dos intestinos conseguem atravessar a sua parede e alcançar a circulação sanguínea e o peritônio (membrana que recobre todo o trato intestinal). Este processo é chamado de translocação bacteriana e é responsável por grande parte dos sintomas da apendicite.
Sintomas da apendicite
O ceco e o apêndice ficam no quadrante inferior direito do abdômen, por isso, uma apendicite se apresenta tipicamente como uma dor nesta região. O problema é que em fases iniciais, quando há somente a distensão do apêndice ainda sem intensa inflamação ao seu redor, os sintomas podem ser muito vagos e não necessariamente localizados neste sítio. No começo da apendicite a dor pode ser difusa, normalmente localizada na região do estômago ou em volta do umbigo. O apêndice é muito pouco inervado e sua inflamação isolada é mal percebida pelo cérebro. Somente quando o peritônio, este sim rico em terminações nervosas, fica inflamado é que o cérebro consegue identificar mais precisamente a região afetada. O quadro típico é de uma súbita dor ao redor do umbigo que vai ficando mais intensa conforme dirige-se para o quadrante inferior direito.
Náuseas, vômitos e febre são sintomas comuns nas fases avançadas da apendicite. Também pode haver diarreia ou prisão de ventre.
Quando a inflamação e a distensão levam à perfuração do apêndice, ocorre uma peritonite (inflamação do peritônio). O paciente com peritonite apresenta intensa dor e o abdômen costuma ficar duro que nem uma pedra. O doente sente dor com estímulos simples como pisar no chão ou mudar de posição. Este quadro grave costuma cursar com sepse.
Apendicite crônica
Alguns pacientes apresentam quadros de obstrução intermitente do apêndice, havendo desobstrução espontânea sempre que a pressão dentro da luz fica elevada. Imagine um pedaço ressecado de fezes alojado exatamente na saída do apêndice, que agora já não tem mais como escoar o seu muco produzido. Se esse pedacinho de fezes não estiver bem preso, conforme a pressão dentro do apêndice for ficando maior, ele acaba sendo empurrado pelo excesso de muco acumulado e a obstrução desaparece. Este é um exemplo de um apêndice que inflama e desinflama repetidamente. A apendicite crônica apresenta-se como um quadro de dor abdominal cíclica que costuma ser difícil diagnosticar.
Diagnóstico da apendicite
Como em qualquer doença, o diagnóstico começa pela avaliação dos sinais e sintomas através da história clínica e do exame físico. Como explicado acima, o apêndice é pouco inervado e quando não há inflamação também dos órgãos ao seu redor, nomeadamente do peritônio, podem ainda não existirem sinais claros de apendicite ao exame físico.
Conforme a inflamação progride, torna-se fácil detectar uma intensa dor a palpação profunda no quadrante inferior direito do abdômen. Quando há peritonite, o paciente sente muita dor durante o exame físico no momento em que apertamos o abdômen com uma das mãos e subitamente a retiramos. Esta dor à descompressão é típica de processos inflamatórios do peritônio.
Os exames laboratoriais também são úteis, já que pacientes com peritonite costumam apresentar um número elevado de leucócitos no hemograma (leucocitose).
Porém, uma suspeita clínica/laboratorial de um peritônio inflamado não é suficiente para fecharmos o diagnóstico da apendicite, já que existem várias causas para peritonite (ver a seguir em diagnóstico diferencial).
Casos típicos de apendicite, principalmente se avaliados por médicos experientes, podem ser diagnosticados sem maiores dificuldades, mas atualmente é muito comum e fácil solicitar exames de imagem para confirmação do diagnóstico. Os dois exames mais solicitados são a ultrassonografia e a tomografia computadorizada, sendo esta última a mais indicada em casos duvidosos ou com suspeitas de complicações.
Diagnóstico diferencial da apendicite
A apendicite é uma das principais causas de dor e necessidade de cirurgia abdominal. Entretanto, vários outros processos inflamatórios dentro do abdômen podem ser parecidos com os sintomas da apendicite, como:
Tratamento da apendicite
O tratamento da apendicite é cirúrgico, podendo ser feito de modo tradicional e pela laparoscopia. A via laparoscópica é preferida em pessoas obesas, idosos e quando o diagnóstico ainda não é 100% certo na hora da cirurgia.
A cirurgia é imediatamente indicada naqueles casos com menos de 3 dias de evolução. Nos casos onde o paciente demora para procurar atendimento, a inflamação pode estar tão grande que dificulta a ação do cirurgião, aumentando o risco de complicações. Nestes casos, se a tomografia computadorizada demonstrar presença de muita inflamação ao redor do apêndice, com formação de abscesso, pode ser preferível tratar a infecção com antibióticos por algumas semanas antes de levá-lo para cirurgia.
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