quinta-feira, 19 de maio de 2011

A uma passante - Charles Baudelaire

imagem: Charles Courtney Curran



A uma Passante

A rua em derredor era um ruído incomum,
Longa, magra, de luto e na dor majestosa,
Uma mulher passou e com a mão faustosa
Erguendo, balançando o festão e o debrum;


Nobre e ágil, tendo a perna assim de estátua exata.
Eu bebia perdido em minha crispação
No seu olhar, céu que germina o furacão,
A doçura que se embala e o frenesi que mata.

Um relâmpago, e após a noite! – Aérea beldade,
E cujo olhar me fez renascer de repente,
Só te verei um dia e já na eternidade?
Bem longe, tarde, além, "jamais" provavelmente!
Não sabes aonde vou, eu não sei aonde vais,

Tu que eu teria amado – e o sabias demais!


Charles Baudelaire (1821-1867)
Tradução de Jamil Haddad


imagem: Alexandre Cabanel

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Se gostou elogie, se não gostou, contribua, mas seja educado ou passo a faca no seu comentário... Somos pessoas civilizadas não somos???!!